Em quase um século de existência o táxi passou por inúmeras transformações, sempre procurando se adequar às exigências dos clientes e às novidades tecnológicas. Aqueles que consideravam a profissão como um “bico”, em busca de um maior rendimento, foram sendo substituídos por taxistas que buscam profissionalizar e prestar sempre um melhor serviço. Os carros utilizados para táxi também são modernos, seguros e confortáveis. Enfim, em sua grande maioria, os taxistas de São Paulo procuraram uma evolução. Será que podemos afirmar o mesmo das nossas lideranças?
O despreparo, a falta de conhecimento de noções básicas do modal táxi e das reais expectativas dos taxistas, ficou claro no que foi uma tentativa de debate, entre o diretor do DTP-Departamento de Transportes Públicos, Roberto Brederode, e o presidente do Simtetaxi, Antonio Matias (Ceará), no programa Os Dois Lados da Moeda da Rádio Jovem Pan, em 05/07/2016. Nas salas de Whatsapp, nas quais foi publicado o vídeo do “debate”, foram muitos os comentários sobre o programa e o denominaram especialmente como um “festival de besteiras e escorregas”.
O diretor do DTP perdeu a oportunidade de apresentar dados, que comprovem que a equiparação da tarifa entre as várias modalidades do táxi não vai sucatear a frota. Preferiu repetir frases de retorica de uma cartilha escrita pelo Prefeito Haddad e pelo seu serviçal Jilmar Tatto, no que se refere ao transporte público e de interesse público, cuja gestão está totalmente direcionada a atender seus interesses.
Um representante que se propõe a defender uma categoria precisa ter argumentos com fundamentos e não divagar em achismos e suposições. O mínimo que se espera é que se prepare para as entrevistas e aproveite o espaço valioso na mídia para colocar, com clareza, os problemas e quais suas propostas de solução para os taxistas. No entanto, ouvimos informações confusas e a promessa de que apresentarão uma planilha que justificaria o desconto na tarifa. Será mesmo apresentada? Não deveria ter sido elaborada antes dessa decisão do SMT de igualar o preço? E na entrevista não teve o que argumentar quando o diretor do DTP comentou que esse representante estava presente nas reuniões da Câmara Temática do Táxi, quando foi discutido esse assunto.
Uma atitude coerente, em face à portaria da equiparação, seria apresentar uma planilha de custos comprovando a viabilidade ou a inviabilidade da equiparação. Ainda argumenta que o taxista tem que se adequar a nova modalidade. Mas de qual “nova modalidade” se referiu o presidente do Simtetaxi? Ao Uber, a 99 e aos demais aplicativos que estão utilizando carros particulares no transporte de passageiros?
Ainda de acordo com as opiniões dos taxistas nas redes sociais, o presidente do sindicato até tentou fingir que defende a categoria, mas acabou por comprovar que apoia as medidas do Haddad. Portanto, se tiver que brigar com quem está expondo essas opiniões, terá que responder para centenas de taxistas que fizeram as críticas.
Brederode ao falar sobre a retirada dos adicionais, bandeira 2 e da taxa de retorno, ainda insiste que isso fará com que o táxi se aproxime ao Uber. Mas a intenção, por trás das palavras, é tentar legitimar a empresa e jogar o táxi numa aventura competitiva de mercado, onde tende a ser derrotado. O argumento (falso) de que a população quer o Uber, é o pior descaramento das autoridades. Talvez até uma boa argumentação para distrair sobre a incapacidade de gerir o transporte público e também sobre a falência da sociedade, causada por governos que nos levaram a essa situação. É claro que acabam optando pelo aplicativo por que está lhe oferecendo um transporte barato nesse momento de crise. Nada além de R$!
O diretor tampão do DTP não deixará saudade!
Já ouvi de taxistas diferenciados elogios ao diretor do DTP, Roberto Brederode. Porém ele perde mais uma vez toda credibilidade ao deixar os argumentos da cartilha imposta pelo senhor prefeito e seu secretário de transporte, sobrepor à parte técnica.
Por isso tenho uma proposta como vereador, que já levei ao candidato Celso Russomanno: que na sua gestão queremos que a indicação do novo diretor do DTP seja amplamente discutida com a categoria. Que não seja meramente um cargo político, mas um técnico com autonomia.
Carlos Laia
“A Voz do Taxista” na Câmara Municipal de São Paulo
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